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SETH FALA (LIVRO) - INTRODUÇÃO

Conteúdo

Introdução

1a. PARTE

  1. Não Tenho um Corpo Físico, Mas Estou Escrevendo Este Livro
  2. Meu Ambiente, Meu Trabalho e Minhas Atividades Atuais
  3. Meu Trabalho e as Dimensões de Realidade às Quais Ele Me Leva
  4. A Reencarnação
  5. Como os Pensamentos Formam a Matéria – Pontos de Coordenação
  6. A Alma e a Natureza de Sua Percepção
  7. O Potencial da Alma
  8. O Sono, os Sonhos e a Consciência

2a. PARTE

  1. A Experiência da “Morte”
  2. As Condições da “Morte” em Vida
  3. As Escolhas Pós-Morte e a Mecânica da Transição
  4. Relacionamentos de Reencarnações
  5. A Reencarnação, os Sonhos, e o Masculino e o Feminino Ocultos no Eu
  6. Histórias do Princípio e o Deus Multidimensional
  7. Civilizações Reencarnatórias, Probabilidades e Mais Informações Sobre o Deus Multidimensional
  8. Prováveis Sistemas, Homens e Deuses
  9. Probabilidades, a Natureza do Bem e do Mal e o Simbolismo Religioso
  10. Vários Estágios de Consciência, Simbolismo e Focos Múltiplos
  11. Presentes Alternados e Focos Múltiplos
  12. Perguntas e Respostas
  13. O Significado da Religião
  14. Uma Despedida e uma Introdução: Aspectos da Personalidade Multidimensional Vistos Através de Minha Própria Experiência

INTRODUÇÃO

Este livro foi escrito por uma personalidade chamada Seth, que se refere a si mesma como a “essência de uma personalidade energética” já não focalizada na forma física. Seth vem falando através de mim por mais de sete anos agora, quando entro em transe em sessões realizadas duas vezes por semana.

 

Minha iniciação paranormal ou mediúnica, entretanto, realmente começou certa noite de setembro de 1963, quando eu estava escrevendo uma poesia. De repente, minha consciência deixou meu corpo e minha mente foi inundada por idéias incríveis e novas para mim na época. Ao voltar para o corpo, descobri que minhas mãos haviam produzido um texto automaticamente, explicando muitos dos conceitos que me haviam sido transmitidos. As anotações tinham até títulos: O Universo Físico como Construção da Idéia.

 

Por causa dessa experiência, comecei a fazer pesquisas no campo das atividades paranormais e planejei um livro sobre o projeto. Seguindo essa linha, meu marido, Rob, e eu fizemos experiências com uma Ouija board no final de 1963. Após as primeiras sessões, o ponteiro começou a soletrar mensagens que afirmavam vir de uma personalidade chamada Seth.

 

Nem Rob nem eu tínhamos qualquer experiência no campo da paranormalidade, e quando comecei a esperar respostas da tábua, presumi que vinham de meu subconsciente. Pouco mais tarde, entretanto, senti-me impelida a pronunciar as palavras em voz alta, e dentro de um mês estava falando por Seth em estado de transe.

 

As mensagens pareciam começar onde Construção da Idéia terminara, e mais tarde, Seth disse que minha experiência de expansão de consciência representara sua primeira tentativa de contato. Desde esse dia, Seth vem transmitindo um manuscrito contínuo que agora totaliza mais de seis mil páginas datilografadas. Nós o chamamos de The Seth Material (O Material de Seth) e ele trata de assuntos como a natureza da matéria física, o tempo, a realidade, o conceito de deus, universos prováveis, saúde e reencarnação. Desde o início, a qualidade óbvia do material nos intrigou, e foi isso que nos levou a continuar a experiência.

 

Depois da publicação de meu primeiro livro nessa área, comecei a receber cartas de pessoas desconhecidas, pedindo a ajuda de Seth. Realizávamos sessões para os mais necessitados. Muitas pessoas, porém, não podiam participar pessoalmente, uma vez que viviam em outras partes do país, mas os conselhos de Seth as ajudavam, e as informações que ele dava por carta, mencionando fatos anteriores da vida dessas pessoas, eram corretas.

 

Rob sempre tomou notas verbatim das sessões de Seth, usando seu próprio sistema de taquigrafia. Nos fins de semana ele as datilografava e acrescentava-as à nossa coleção do Material de Seth. As excelentes anotações de Rob mostram a estrutura viva de nossas sessões. O apoio e o incentivo dele têm sido inestimáveis.

 

Segundo nossa maneira de pensar, já tivemos mais de seiscentas entrevistas com o universo – embora Rob jamais fosse descrevê-las dessa forma. Esses encontros acontecem em nossa grande e bem iluminada sala de visitas, mas em termos mais profundos, eles ocorrem dentro da área ilimitada da personalidade humana.

 

Não estou afirmando que temos a pedra fundamental da verdade, nem quero dar a impressão de que esperamos ansiosamente por segredos imaculados das eternidades para então despejá-los entusiasticamente

 

sobre vocês. Eu sei que cada pessoa tem acesso a um conhecimento intuitivo e pode ter vislumbres da realidade interior. Nesse aspecto, o universo fala a cada um de nós. Em nosso caso, as sessões com Seth são a estrutura para a ocorrência deste tipo de comunicação.

 

Em The Seth Material, publicado em 1970, expliquei esses eventos e transmiti a visão de Seth sobre uma variedade de assuntos, usando trechos das sessões. Também descrevi nossos encontros com psicólogos e parapsicólogos, ao tentarmos compreender nossas experiências e colocá-las dentro do contexto da vida normal. Os testes que realizamos para verificar as habilidades clarividentes de Seth também foram descritos. No que nos diz respeito, ele saiu-se otimamente.

 

Foi muito difícil escolher alguns trechos dos tópicos tratados na obra cada vez maior de Seth. Por causa disso, The Seth Material obviamente deixou muitas perguntas sem resposta e muitos assuntos sem explicação. Duas semanas depois de seu término, contudo, Seth ditou o esboço deste manuscrito, no qual teria liberdade de expor suas idéias à sua própria maneira, em forma de livro.

 

Apresentamos aqui uma cópia desse esboço, que nos foi dado na Sessão 510 de 19 de janeiro de 1970. Como perceberão, Seth me chama de Ruburt, e Rob, de Joseph. Esses nomes representam a totalidade de nossas personalidades, distintas de nossos eus atuais fisicamente orientados.

 

Neste momento, estou trabalhando em outro material que vocês vão receber e, assim, precisam ser um pouco pacientes comigo. Por exemplo: gostaria de dar-lhes uma idéia do conteúdo de meu próprio livro. Muitas questões estão envolvidas. O livro incluirá uma descrição do modo em que está sendo escrito e os procedimentos necessários para que minhas próprias idéias possam ser transmitidas por Ruburt, ou melhor, traduzidas por ela em termos vocais.

 

Eu não tenho um corpo físico e, contudo, vou escrever um livro. O primeiro capítulo explicará como e por quê.

 

(Agora, [Rob escreveu em suas anotações] o ritmo de Jane havia diminuído consideravelmente, e seus olhos muitas vezes ficavam fechados. Ela fez muitas pausas, algumas longas.)

 

O próximo capítulo descreverá o que vocês poderão chamar de meu ambiente ou meio atual, minhas “características” atuais e meus companheiros. Com isso quero dizer os outros com quem tenho contato.

 

O capítulo seguinte descreverá meu trabalho e as dimensões da realidade às quais ele me leva, pois assim como eu viajo para a sua realidade, também viajo para outras, a fim de cumprir o propósito que me cabe cumprir.

 

O capítulo seguinte tratará de meu passado (em seus termos), e de algumas das personalidades que fui e conheci. Ao mesmo tempo, quero deixar claro que não existe passado nem presente nem futuro, e explicar que não há contradições quando eu, no entanto, falo em termos de existências passadas. Isso poderá ocupar dois capítulos.

 

O capítulo seguinte contará a história de nosso encontro – você (a mim) Ruburt e eu, de meu ponto de vista, naturalmente, e como contatei a consciência interior de Ruburt muito antes de qualquer um de vocês dois saber qualquer coisa a respeito de fenômenos paranormais, ou de minha existência.

 

O capítulo seguinte tratará da experiência de qualquer personalidade no ponto da morte, e das muitas variações dessa aventura básica. Usarei algumas de minhas próprias mortes como exemplos.

 

O capítulo seguinte tratará da existência após a morte, com suas muitas variações. Ambos os capítulos falarão sobre a reencarnação no que ela se aplica à morte, e também daremos certa ênfase à morte ao final da última encarnação.

 

O capítulo seguinte tratará das realidades emocionais do amor e da afinidade entre personalidades – do que lhes sucede durante encarnações sucessivas, pois alguns interrompem seu progresso e outros avançam.

 

O capítulo seguinte tratará de sua realidade física como ela aparece para mim e outros como eu. Este capítulo irá conter alguns outros pontos fascinantes, pois vocês não apenas formam sua realidade física que lhes é conhecida, mas também, com seus pensamentos, desejos e emoções atuais, estão formando outros ambientes muito válidos em outras realidades.

 

O capítulo seguinte tratará da função eterna dos sonhos como portas para essas outras realidades e como áreas de abertura através das quais o “eu interior” visualiza as muitas facetas de sua experiência e de suas comunicações com outros níveis de sua realidade.

 

O capítulo seguinte tratará ainda deste assunto, pois vou relatar as várias formas em que penetrei nos sonhos das pessoas como instrutor e como guia.

 

O capítulo seguinte tratará de métodos básicos de comunicação usados por qualquer consciência de acordo com seu grau, seja ela física ou não. Isto levará à comunicação básica usada pelas personalidades humanas (como vocês as entendem) e mostrará essas comunicações interiores como existentes independentemente dos sentidos físicos, que são meramente extensões físicas da percepção interior.

 

Direi ao leitor como ele vê o que vê, ou ouve o que ouve, e por quê. Espero mostrar neste livro que o próprio leitor é independente de sua imagem física, e espero, eu próprio, fornecer-lhe alguns métodos para provar minha tese.

 

O próximo capítulo relatará minhas experiências, em minhas existências, com as “gestalts piramidais” [N. do T.: “Gestalt,” em psicologia, sinônimo de “Forma;” “Teoria da Gestalt” ou “Teoria da Forma,” teoria de conjunto da Psicologia, que acentua os aspectos de configuração e, mais geralmente, de totalidade nos fenômenos psíquicos] que menciono no material, meu próprio relacionamento com a personalidade que vocês chamam de Seth Dois e também com consciências multidimensionais muito mais evoluídas do que eu.

 

Minha mensagem ao leitor será: “Basicamente, vocês não são uma personalidade física mais do que eu o sou, e ao falar-lhes de minha realidade, falo-lhes de sua própria.”

 

Haverá um capítulo sobre as religiões do mundo, sobre suas distorções e verdades; sobre os três Cristos; e alguns dados concernentes a uma religião perdida, pertencente a um povo sobre o qual vocês não têm qualquer informação. Essas pessoas viveram em um planeta no mesmo espaço que sua terra ocupa agora, “antes” que seu planeta existisse. Eles o destruíram com seus próprios erros, e reencarnaram quando o planeta de vocês foi preparado. Suas lembranças serviram de base para o nascimento da religião como vocês a consideram hoje.

 

Haverá um capítulo sobre Deuses prováveis e sistemas prováveis.

 

Haverá um capítulo de perguntas e respostas.

 

Haverá um capítulo final, quando pedirei ao leitor que feche os olhos e torne-se consciente da realidade em que eu existo e de sua própria realidade interior. Eu fornecerei os métodos. Neste capítulo convidarei o leitor a usar seus “sentidos internos” para ver-me à sua própria maneira.

 

Embora minhas comunicações cheguem exclusivamente através do pensamento, para proteger a integridade do material convidarei o leitor a tomar consciência de mim como uma personalidade, de modo a então perceber que comunicações de outras realidades são possíveis e que ele próprio está, portanto, aberto a uma percepção não-física.

 

Bem, este é meu esboço do livro, mas ele contém simplesmente um projeto de minhas intenções. Não estou apresentando um esboço mais completo porque não desejo que Ruburt se antecipe a mim. As dificuldades envolvidas nestas comunicações irão aparecer em sua totalidade. Ficará claro que as supostas comunicações paranormais vêm de vários níveis de realidade, e que elas descrevem a realidade na qual existem. Portanto, descreverei a minha e outras de que tenho conhecimento.

 

Isto não quer dizer que existam outras dimensões das quais sou ignorante. Ditarei o livro durante nossas sessões.

 

Este é o título de nosso livro (sorriso): Seth Fala: A Validade Eterna da Alma.

 

Estou usando o termo alma porque terá um significado instantâneo para a maioria dos leitores.

 

Sugiro que tenham à mão algumas boas canetas.

 

Precisamente porque sei do esforço exigido para se escrever um livro, fiquei cautelosa quando Seth falou em escrever o seu. Embora eu soubesse perfeitamente bem que ele podia fazê-lo, uma parte crítica de mim mesma perguntava: “Está bem, o Material de Seth é realmente significativo, mas que experiência ele tem nessa área? O que ele sabe a respeito da organização necessária para se escrever um livro? Ou a respeito de como se dirigir ao público?”

 

Rob ficava me dizendo que eu não devia preocupar-me. Amigos e alunos pareciam aturdidos porque eu, de todas as pessoas, tinha dúvidas, mas eu pensava: De todas as pessoas, quem mais teria dúvidas? Seth declarara uma intenção. Conseguiria, entretanto, realizá-la?

 

Seth iniciou a ditar o livro em nossa sessão seguinte, Sessão 511, em 21 de janeiro de 1970, e terminou-o na Sessão 591, em 11 de agosto de 1971. Nem todas as sessões intermediárias, contudo, trataram do livro. Algumas foram dedicadas a assuntos pessoais, outras a ajudar pessoas específicas, e outras ainda, a responder a perguntas filosóficas, sem ligação com o livro. Eu também tirei várias “pequenas férias.” Apesar dessas interrupções, Seth sempre recomeçava o ditado sem qualquer problema, precisamente no ponto em que havia terminado.

 

Durante o tempo em que ele ditava seu livro, eu trabalhava quatro horas por dia escrevendo meu próprio livro, dando minhas aulas semanais de ESP [Percepção Extra Sensorial] e assoberbada com a correspondência que se seguiu à publicação de The Seth Material. Também comecei a dar uma aula semanal de composição literária criativa.

 

Por curiosidade, dei uma olhada em alguns dos capítulos anteriores do livro de Seth, mas depois me mantive longe dele. Ocasionalmente, Rob me falava de algumas passagens que podiam interessar particularmente a meus alunos. De outra forma, eu não prestava atenção ao livro, contentando-me em deixar que Seth o ditasse. Falando de uma forma geral, tirei o trabalho dele de minha mente e passava meses sem nem ao menos olhar para o manuscrito.

 

Ler o livro completo foi uma experiência maravilhosa. Como um todo, ele me era totalmente novo, embora cada palavra tivesse sido transmitida através de meus lábios e eu tivesse passado muitas noites em transe para produzi-lo. Isso me era particularmente estranho, já que sou uma escritora e estou acostumada a organizar meu próprio material, acompanhar seu desenvolvimento e cuidar dele como uma galinha choca.

 

Por causa de minha própria experiência como escritora, também tenho consciência do processo envolvido na tradução de material inconsciente para a realidade consciente. Isso é especialmente óbvio quando estou trabalhando com poesias. Fosse o que fosse que estivesse envolvido no livro de Seth, certamente algum tipo de atividade inconsciente atuava a todo vapor. Era natural, portanto, que eu comparasse minha própria consciência criativa com o método de transe usado no livro de Seth. Eu queria descobrir por que sentia que o livro de Seth era dele, divorciado do meu. Se ambos estavam vindo do mesmo inconsciente, então por que as diferenças subjetivas em meus sentimentos?

 

Essas diferenças ficaram óbvias desde o início. Quando sou tomada de inspiração, escrevendo um poema, fico “ligada,” excitada, cheia de um sentimento de urgência e descoberta. Logo antes de isso acontecer, entretanto, surge uma idéia do nada, me parece. Ela me é “dada.” Simplesmente aparece, e a partir dela surgem novas associações criativas.

 

Fico alerta, mas aberta e receptiva: suspensa em uma estranha elasticidade psíquica, entre a atenção equilibrada e a passividade. O poema ou idéia em questão é a única coisa no mundo para mim naquele ponto. O envolvimento extremamente pessoal, o trabalho e o jogo necessários para manter a idéia em ação fazem com que o poema seja meu.

 

Este tipo de experiência me é familiar desde minha infância. É a pedra fundamental de minha existência. Sem isso, ou quando não estou trabalhando dentro dessa estrutura, fico desatenta e triste. Até certo ponto, tenho o mesmo sentimento de criatividade pessoal agora, ao escrever esta introdução. Ela é “minha.”

 

Eu não tive esse tipo de ligação com o livro de Seth, nem qualquer consciência dos processos criativos envolvidos. Eu entrava em transe como em nossas sessões regulares. Seth ditava o livro através de mim, falando por meio de meus lábios. O trabalho criativo estava tão distante de mim que, nesse aspecto, não posso chamar o produto de meu. No livro de Seth eu recebi um produto terminado – um produto excelente – pelo qual eu sou, naturalmente, muitíssimo grata.

 

Descobri, entretanto, que somente meus próprios escritos me dão esse tipo particular de satisfação criativa de que necessito – o envolvimento consciente com material inconsciente, a “excitação da caça.” O fato de Seth fazer sua parte, não me exime de fazer a minha. Eu me sentiria roubada se não pudesse realizar meu próprio trabalho.

 

Qualquer pessoa pode dizer, naturalmente, que no livro de Seth os processos ocultos são tão separados de minha consciência normal que o produto final apenas parece vir de uma outra personalidade.

 

Posso somente declarar meus próprios sentimentos e salientar que o livro de Seth e todo o manuscrito de seis mil páginas de The Seth Material não representam minha própria expressão nem são de minha responsabilidade criativa. Se ambos viessem do mesmo inconsciente, parece que não haveria necessidade de uma divisão.

 

Apesar disso, tenho consciência do fato de que eu fui necessária para a produção do livro de Seth. Ele precisa de minha habilidade com as palavras; até, acho eu, de meu modo de pensar. Certamente, meu treinamento como escritora ajuda na tradução de seu material e lhe dá forma, não importa o quão inconscientemente isso seja feito. Certas características de personalidade também são importantes, eu imagino

– a agilidade com que posso mudar o foco de minha consciência, por exemplo.

 

Seth insinua isso no Capítulo Quatro, quando diz: “Ora, as informações deste livro estão sendo transmitidas, até certo ponto, por meio dos sentidos internos da mulher que fica em transe enquanto eu o escrevo. Tal esforço é resultado de uma precisão interior altamente organizada e de treinamento. [Ela] não poderia receber de mim estas informações – que também não poderiam ser traduzidas nem interpretadas – enquanto estivesse intensamente focalizada no ambiente físico.”

 

Considerado meramente como exemplo de produção inconsciente, entretanto, o livro de Seth mostra com clareza que a organização, o discernimento e o raciocínio certamente não são qualidades apenas da mente consciente, demonstrando o alcance e a atividade de que o eu interior é capaz. Não acredito que eu pudesse conseguir sozinha algo equivalente ao livro de Seth. O melhor que eu poderia fazer seria atingir certos pontos altos, talvez em poemas ou ensaios isolados, mas a eles faltaria a unidade geral, a continuidade e a organização que Seth forneceu automaticamente em seu livro.

 

Além disso, tenho certas experiências únicas durante as sessões, que parecem compensar minha falta de envolvimento criativo consciente. Com freqüência, participo da grande energia e do humor de Seth, por exemplo, usufruindo uma sensação de riqueza emocional e encontrando a personalidade de Seth em um nível muito estranho. Sinto seu humor e vitalidade claramente, embora não sejam endereçados a mim, mas a quem quer que Seth esteja se dirigindo no momento. Sinto-os passando através de mim.

 

Como mostram as anotações de Rob, em geral eu tenho outros tipos de experiências, também, enquanto falo por Seth. Às vezes, por exemplo, tenho visões interiores. Elas podem ilustrar o que Seth está dizendo, de modo que eu recebo a informação de duas formas, ou elas podem ser completamente separadas do texto. Também tive várias experiências “fora do corpo” durante as sessões, quando vi eventos que na verdade estavam acontecendo a milhares de quilômetros de distância.

 

Este livro é a maneira de Seth demonstrar que a personalidade humana é multidimensional, que nós existimos em muitas realidades ao mesmo tempo, que a alma ou eu interior não é algo separado de nós, mas o próprio meio em que existimos. Ele salienta o fato de que a “verdade” não é encontrada passando de um professor a outro, de uma igreja a outra, ou de uma matéria a outra, mas olhando para dentro do eu. O conhecimento íntimo da consciência, os “segredos do universo,” não são, portanto, verdades esotéricas a serem ocultas das pessoas. As informações de Seth são tão naturais para o homem como o ar, e estão disponíveis para os que as buscam examinando a fonte interior.

 

Em minha opinião, Seth escreveu um livro que é um clássico em sua área. Depois de me referir a ele com cautela como “uma personalidade,” sinto-me obrigada a acrescentar que Seth é um filósofo e psicólogo astuto, profundo conhecedor dos caminhos da personalidade humana e cônscio dos triunfos e condições da consciência humana.

 

Sinto-me pessoalmente intrigada, naturalmente, com o fato de este livro ter sido escrito por meu intermédio, sem a atuação de minha mente consciente em cada ponto, verificando, organizando e criticando ansiosamente, como faço em meu próprio trabalho, quando minhas habilidades criativas e intuitivas recebem uma grande dose de liberdade e minha mente consciente está definitivamente no controle. Entretanto, este livro não “se escreveu a si mesmo,” e eu sei o que isso significa. Neste caso, contudo, o livro veio de uma fonte específica, não apenas “lá de fora,” e ele é colorido pela personalidade do autor, que não é a minha.

 

Toda esta aventura criativa pode ser a iniciação de uma personalidade, Seth, que então escreve livros. Seth pode ser uma criação, tanto quanto seu livro o é. Se for esse o caso, este é um excelente exemplo de arte multidimensional, feita em um nível tão rico de inconsciência que o “artista” não tem conhecimento de sua própria obra, ficando tão intrigado com ela quanto qualquer outra pessoa.

 

Esta é uma hipótese interessante. Na verdade, Seth fala sobre arte multidimensional em seu livro. Ele, porém, faz mais do que escrever livros. Ele é uma personalidade plenamente desenvolvida, com uma variedade de interesses, escrevendo, ensinando, ajudando outros. Seu senso de humor é muito individualista e diferente do meu. Ele é perspicaz; à sua maneira, mais terreno do que etéreo. Sabe como explicar teorias complexas com simplicidade, em um contato de pessoa a pessoa. Talvez o mais importante seja o fato de que ele é capaz de relacionar essas idéias à vida normal.

 

Seth também aparece freqüentemente nos sonhos de meus alunos, dando-lhes instruções que funcionam – apresentando-lhes métodos para usarem suas habilidades ou para atingirem certas metas. Quase todos os meus alunos têm também freqüentes “sonhos em classe,” quando Seth lhes fala como um grupo e introduz experiências oníricas. Às vezes eles o vêem como no retrato que Rob pintou dele. Outras vezes, ele fala através de minha imagem, como em sessões normais. Acordei muitas vezes quando essas sessões oníricas estavam acontecendo, com as palavras de Seth ainda soando em minha mente.

 

Naturalmente, não é uma coisa incomum os alunos sonharem com Seth ou comigo, mas com certeza Seth alcançou um status independente aos olhos deles, tornando-se um veículo de instruções, mesmo durante o sonho. Em outras palavras, além de produzir continuamente The Seth Material e este livro, ele penetrou na mente e na consciência de muita gente.

 

Esta é uma grande realização para qualquer personalidade em um período de sete anos, independentemente de seu status. Para uma personalidade não-física, é realmente incrível. Atribuir toda essa atividade a uma ficção do inconsciente, parece demais. (No mesmo período de tempo, eu publiquei dois livros, terminei outro e iniciei um quarto. Menciono isto para mostrar que Seth não estava absorvendo qualquer porção de minha criatividade.)

 

Rob e eu não nos referimos a Seth como um espírito; não gostamos das conotações desse termo. Na verdade, nós objetamos à idéia convencional de um espírito, que é uma extensão de idéias um tanto limitadas da personalidade humana, projetadas mais ou menos intactas em uma vida após a morte. Vocês podem dizer

 

que Seth é uma dramatização do inconsciente ou uma personalidade independente. Pessoalmente, não vejo por que as afirmações têm de ser contraditórias. Seth pode ser uma dramatização, desempenhando um papel muito real – explicando sua realidade maior nos únicos termos que podemos entender. Essa é minha opinião neste momento.

 

Antes de qualquer coisa, para mim o termo “inconsciente” é muito pobre, mal sugerindo a realidade de um sistema psíquico aberto, com raízes profundas entrelaçadas, unindo todo tipo de consciência: uma rede na qual estamos todos conectados. Nossa individualidade surge dela, mas também ajuda a formá-la. Esta fonte contém informações passadas, presentes e futuras; apenas o ego experiencia o tempo como o conhecemos. Também acredito que este sistema aberto contenha outros tipos de consciência além da nossa própria.

 

Devido a minhas próprias experiências, particularmente com estados fora do corpo, estou convencida de que a consciência não é dependente da matéria física. Com certeza, a expressão física é meu maior modo de existência neste momento, mas não creio que isso signifique que toda consciência deva ser assim orientada. Parece-me que apenas a presunção mais cega ousaria definir a realidade em seus próprios termos ou projetar suas próprias limitações e experiências sobre o resto da existência.

 

Aceito a idéia de Seth da personalidade multidimensional como descrita neste livro, porque minhas experiências, assim como as de meus alunos, parecem confirmá-la. Também acredito que nesse sistema aberto de consciência e fontes ilimitadas, há um Seth independente que atua em termos bem diferentes dos nossos.

 

Em que termos? Muito honestamente, eu não sei. O mais próximo que cheguei de uma explicação de minhas próprias visões foi em uma curta afirmação intuitiva que escrevi para meu curso de ESP, ao tentar esclarecer minhas idéias para mim mesma e para meus alunos. Rob falara-me sobre os Speakers, como Seth os chama neste livro – personalidades que continuamente falam aos homens através dos tempos, lembrando-lhes o conhecimento interior, de modo que jamais seja realmente esquecido. Esta idéia evocativa inspirou-me a escrever o pequeno trabalho que estou incluindo aqui. Ele indica a estrutura na qual acredito que Seth e outros como ele devam existir.

 

“Nós somos reunidos (ou montados) de uma forma que não compreendemos. Somos compostos de elementos, substâncias químicas e átomos e, contudo, falamos e nos chamamos por nomes. Ao redor de nossas substâncias internas, organizamos as substâncias externas que se coagulam em carne e ossos. Nossas identidades ou personalidades brotam de fontes que nos são desconhecidas.

 

Talvez o que somos tenha sempre esperado, oculto nas possibilidades da criação, disperso, sem o saber – nas chuvas e nos ventos que varreram a Europa no século treze – nas cordilheiras que se ergueram – nas nuvens que passaram através dos céus de outros tempos e lugares. Como partículas de poeira, podemos ter atravessado os portais da Grécia, acendido e apagado em consciências e inconsciências uma milhão de vezes, tocados pelo desejo, por anseios de criatividade e perfeição que mal compreendemos.

 

E assim, pode haver outros agora (como Seth), que sem imagens, mas sabendo – outros que foram o que somos e mais – outros que se lembram daquilo que esquecemos. Eles talvez tenham descoberto, por meio de alguma aceleração de consciência, outras formas de ser, ou dimensões de realidade das quais também fazemos parte.

 

Assim, damos nome aos que não têm nome, pois basicamente não temos nome. E ouvimos, mas em geral tentamos espremer suas mensagens nos conceitos que podemos entender, cobrindo-as com imagens estereotipadas gastas. Eles, contudo, estão ao nosso redor, no vento e nas árvores, formados e não-formados, talvez mais vivos, em muitos aspectos, do que nós: os speakers.

 

Por meio dessas vozes, dessas intuições, desses vislumbres de percepções e mensagens, o universo nos fala, fala a cada um de nós pessoalmente. Dirige-se a você, e também a mim. Aprenda a ouvir suas próprias mensagens, sem distorcer o que ouve nem traduzi-lo para velhos alfabetos.

 

Na classe (e na vida, em geral), eu acho que estamos reagindo a essas mensagens, às vezes representando-as com sabedoria quase infantil, formando-as em histórias que são originais e individualistas – histórias que fizeram surgir dentro de nós significados que não podem ser postos em palavras.

 

Este talvez seja o tipo de representação adotado pelos “deuses,‟ de onde surgem criações que se espalham em todas as direções. Podemos estar respondendo aos deuses em nós mesmos – essas centelhas internas de saber que desafiam nosso próprio conhecimento tridimensional.

 

Seth pode estar guiando-nos para fora de nossas limitações costumeiras, para outro reino que é nosso por direito – fundamental, estejamos nós na carne ou fora dela. Ele pode ser a voz de nossos eus combinados, dizendo: „Enquanto vocês estão em seus corpos conscientes, lembrem-se de como era e de como será não ter corpo, ser energia girando livremente sem um nome, mas com uma voz que não precisa de língua, com uma criatividade que não precisa de carne. Nós somos vocês, virados do avesso.‟”

 

Deixando de lado minhas idéias sobre Seth ou sobre a natureza da realidade, entretanto, este manuscrito precisa ser independente como livro. Ele traz a marca da personalidade de Seth, como qualquer livro carrega indelevelmente, dentro de si, o selo de seu autor: nada mais, nada menos. As idéias contidas no livro merecem ser ouvidas, a despeito de sua fonte, e por outro lado, por causa dela.

 

Quando nossas sessões tiveram início, eu pensei em publicar o material como sendo meu, de modo que fosse aceito pelo que valia, sem perguntas sobre sua fonte. Isso, entretanto, não me pareceu justo, porque a maneira pela qual o material de Seth é produzido faz parte da mensagem e reforça-a.

 

O ditado de Seth é transmitido como o recebemos. Em outras palavras, sem o acréscimo nem a eliminação de parágrafos. Ele certamente sabe a diferença entre a linguagem falada e a escrita. Suas sessões para a classe de ESP são menos formais, com uma boa quantidade de perguntas. Este livro, contudo, é muito mais como nossas sessões particulares, quando o corpo do material é transmitido. A ênfase está muito mais no conteúdo, no que é escrito, do que na palavra falada.

 

A estrutura das sentenças de Seth também não foi mudada, exceto em alguns casos excepcionais. (Algumas vezes eu dividi uma sentença longa em duas mais curtas, por exemplo.) A maior parte da pontuação foi indicada por Seth. Nesses casos, apenas inserimos os hífens, os pontos e vírgulas e os parênteses, como sugerido por ele, deixando de lado as instruções, a fim de evitar que o leitor se confundisse. Onde Seth indicou aspas, usamos aspas duplas; de outra forma, onde o significado parece pedir aspas, aspas simples foram usadas. Seth também indicou que deveríamos sublinhar certas palavras.

 

As sentenças de Seth são em geral longas, particularmente nas elocuções verbais, mas ele nunca se perde nem perde contato com a sintaxe ou o significado. Sempre que parecia existir uma dificuldade nesta área, nós verificávamos a sessão original e víamos que um erro havia sido cometido, em algum ponto do caminho, no momento da transcrição. (Observei isso, particularmente, porque já tentei ditar cartas a um gravador, com pouco sucesso. Depois das primeiras sentenças, tive grande dificuldade para lembrar-me do que dissera, ou de como me expressara.)

 

A prova tipográfica significou trabalhar principalmente com as notas de Rob, quando ele as tornou mais apresentáveis. Em alguns casos, incluímos materiais que não faziam parte do livro, quando isso parecia relevante, lançava uma luz sobre o método de apresentação ou permitia uma visão maior do próprio Seth. Como as anotações de Rob também mostram, Seth começou a ditar o Apêndice assim que terminou o livro. Foi um tanto divertido eu não ter percebido que Seth já havia iniciado o Apêndice, pois passei vários dias pensando quem deveria cuidar disso – e se fosse Seth, quando começaria.

 

Eis uma outra nota interessante nessa mesma linha: Eu faço três rascunhos de meu próprio trabalho, e às vezes ainda fico insatisfeita. Este livro foi ditado em seu esboço final. Seth também seguiu seu esquema muito mais fielmente do que eu jamais segui os meus, embora se tenha desviado dele em alguns casos, como é direito de todo autor.


Jane Roberts
Elmira, Nova York
27 de setembro de 1971

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